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O Caminho da Ansiedade



Essa é uma nota direcionada a todos que aspiram iniciação na Quimbanda. Inúmeros pontos deveriam ser compreendidos por àqueles que desejam adentrar ao Reinado do Chefe Império Maioral: questões filosóficas, teogônicas e de ordem prática (o que pode variar de família para família).


Ao chegarem na Quimbanda os aspirantes descobrem que possuem o que denominamos os três maiorais de coroa, que são os três Exus tutelares conectados as forças da Trindade Maioral. Pouquíssimas vezes esses três Exus de coroa são assentados todos de uma vez na iniciação. São raros esses casos e quando ocorrem, é porque i. o oráculo ou os guias-chefes do templo autorizaram; ii. o aspirante chega com uma bagagem espiritual que atenda essa necessidade. Esses dois pontos estão conectados indiscutivelmente. A maioria das pessoas quando chegam recebem apenas um assentamento, o do Exu frenteiro. Isso acontece porque é necessário um desenvolvimento espiritual, uma afinidade profunda que tem de ser construída. Pense: você nunca cuidou de um assentamento de Exu e da noite para o dia quer cuidar de três? Entenda que no início da jornada na Quimbanda o menos é mais, porque o que se quer é qualidade de trabalho. O que adianta ter três ou mais Exus assentados se você não dá conta de cuidar deles? Porque o que muitos não compreendem é que assentar um Exu é ter que cumprir um trato e você precisa ter os pés no chão e a clareza de visão para saber se vai dar conta.


A Quimbanda como tradição de feitiçaria e necromancia se trata da arte de lidar bem com espíritos, ter zelo pela companhia deles, saber comunicar-se efetivamente com eles e manter os pactos em dia. Exu é faca e faca corta e tira sangue. Isso significa que se você não der conta de segurar a faca, se você não tiver a nobreza e a honradez de um guerreiro, a faca pode te machucar.


Não siga a trilha da ansiedade. Essa é a ignorância de sempre: eu queria já assentar os três para aproveitar a viagem. Aproveitar a viagem? Você está de sacanagem? Sabe da onde brota isso? De uma mente profundamente pobre, desassociada da ideia de prosperidade, abundancia e fartura, alinhada ao estilo de vida contemporâneo reducionista e que quer tudo para ontem. Mas quando se fala em iniciação na Quimbanda, tudo é para depois, porque compete a você o merecimentos das conquistas necessárias para galgar passos mais largos. É assim que fundamentos são transmitidos na Quimbanda: i. você tem que provar o seu valor; ii. você tem que pagar, porque o pagamento sacraliza tudo na Quimbanda. Um táta-nganga não é obrigado a dar-lhe nada de graça, fundamento nenhum. Se você chega na Quimbanda com condicionamentos crististas profundamente enraizados, como esse de pensar que um táta tem obrigação de dar-lhe algo de graça, sentimos muito, mas você se tornará comida. Quimbanda é troca de moyo.


Imagina: você vem fazer a iniciação para levar seu fundamento, mas quer mandar por correio ou levar no ônibus. A nossa experiência com correios e outras empresas de entrega é horrível: os fundamentos nunca chegam intactos. Dá para levar de ônibus, mas se você não comprar uma poltrona extra, a viagem é sempre um transtorno profundamente inconveniente. Se você não tem condições adequadas para levar um fundamento, imagina levar três. Então você precisa entender que o caminho se faz caminhando e que para receber outros fundamentos, você sempre estará em prova e é requerido que esteja no prumo da régua o tempo todo.


Táta Nganga Kimbanda Kamuxinzela

Cova de Cipriano Feiticeiro

Templo de Quimbanda Maioral Exu Pantera Negra e Pombagira Dama da Noite

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